by Telma M.
Muita gente confunde tricô feito à mão com tricô feito em máquinas.
Resolvi escrever este texto para mostrar diferenças e semelhanças entre esses
dois trabalhos igualmente importantes.
Nossa maneira de pensar já está completamente envolvida com a produção em
massa.
Por que comprar um gorro de tricô feito à mão se aquele gorrinho
industrializado vindo da China pode custar a metade do preço ou até menos?
É meio complexa a comparação entre um trabalho feito à mão com um
industrializado. O processo de confecção e a maneira de comercialização são
totalmente diferentes.
Mas, além do produto final, devemos levar em consideração alguns pontos na
hora de adquirir uma blusinha de tricô feita à mão; por exemplo, os valores
sentimentais e imateriais que estão envolvidos em cada parte do seu processo de
confecção.
O FATOR HUMANO EXISTENTE NO ARTESANATO
A tricoteira escolheu passar seu tempo elaborando aquela peça com muito amor.
Ela não foi obrigada a estar ali, foi uma escolha consciente de fazer a peça
personalizada, embora de uma maneira mais demorada.
O casaquinho, ou seja lá a peça de tricô que esteja fazendo, será seu foco
exclusivo e terá sua atenção total em cada minuto do seu tempo, mas nenhuma peça
sairá exatamente igual.
O que importa é que existe um fator humano, quase que inexistente nas
confecções massificadas pela indústria.
Nos trabalhos industrializados, na grande maioria das vezes, não temos
controle sobre as condições em que eles foram feitos, como chegaram até o
destino e quais matérias primas foram utilizadas.
Já no tricô feito à mão, nosso contato é quase direto com a tricoteira,
podemos ligar, visitar e conhecê-la pessoalmente. A matéria prima será aquela
que escolhermos.
5 PONTOS DE COMPARAÇÃO ENTRE TRABALHOS MANUAIS E INDUSTRIALIZADOS
Se você acha que uma blusa de tricô feito à mão fica igualzinha àquela que
foi feita por uma indústria, veja que isso nem sempre é verdade.
1 - Regularidade
Por mais experiente que seja uma tricoteira, ela não é uma máquina e isso
significa que os pontos poderão ter alguma irregularidade, por menor que seja.
Um ponto pode sair maior e outro menor, mesmo que a diferença seja tão
insignificante que olhos menos atentos possam não perceber, enquanto as máquinas
são projetadas para produzirem todos os pontos exatamente iguais.
Fazer tricô à mão pode gerar pontos irregulares, alguns poderão ficar
ligeiramente maiores ou menores que outros.
Isso não significa não saber fazer tricô. Faz parte da condição humana
tricotar pontos sutilmente irregulares.
Boas tricoteiras têm pontos bastante uniformes, mas não com a uniformidade de
uma máquina, é lógico.
Mas atenção, essa irregularidade é muito discreta, não vale se desculpar dos
pontos esburacados dizendo que é normal...
2 - Fio
A espessura do fio é outra variável que pode colaborar para que uma blusa em
tricô feito à mão fique diferente de outra feita em série numa máquina de
tricotar.
Em geral os tricôs feitos à mão usam fios mais espessos, mas é claro que isso
não é regra.
3 - Interrupções
As máquinas, após darem início ao trabalho, seguem sem interrupções, enquanto
tricoteiras humanas sempre dão uma paradinha para outras atividades deixando o
trabalho esperando. Não dá para terminar o trabalho em uma única tacada.
Esses intervalos podem “marcar” a carreira do tricô, deixando uma marca sutil
nos pontos onde a agulha ficou parada.
Boas tricoteiras sabem como minimizar este efeito, basta terminar a carreira
antes da parada. Assim a marca será uniforme, mas ainda assim levemente visível.
4 - Agulha
A agulha usada é tão importante quanto a espessura do fio, aliás, o rótulo
dos fios sempre trazem informações de qual agulha utilizar.
Em geral essa informação fica localizada logo acima das Recomendações e do
lado direito das orientações sobre a lavagem e conservação.
Quando se usa uma agulha mais fina do que o tamanho recomendado, o trabalho
ficará mais duro e menos maleável do que seria ideal.
Se usar uma agulha mais grossa do que o recomendado pelo fabricante, o
trabalho ficará flácido, molenga, com pontos esburacados.
As máquinas sempre trabalham no mesmo padrão.
5 – Acabamentos
Uma das maiores diferenças entre trabalhos feitos em máquinas de tricô e
trabalhos manuais é o acabamento.
O tricô feito à mão sai todo arrematado, sem nenhum perigo de desmanchar. Já
o tricô feito à máquina não tem um arremate muito perfeito não.
É só observar as blusas compradas prontas! Estão sempre soltando um fio
próximo das costuras.
É comum a gente ficar chateada porque uma blusa escapou um ponto, não é?
EXCLUSIVIDADE E CUSTOMIZAÇÃO
Nenhum produto feito à mão será igual ao outro. Pode ser o mesmo modelo, a
mesma cor e o mesmo estilo, mas vai existir alguma diferença, seja na
irregularidade de algum ponto, no tipo da lã ou numa cor levemente fora do
padrão.
Além disso, você sempre poderá colocar na peça traços de sua personalidade.
Mas, o que realmente vale é que bilhões de pessoas, no mundo inteiro, não
terão um produto igual ao seu. E, conforme o tempo vai passando, esse número
ficará ainda maior.
VALORIZANDO O TRABALHO MANUAL
Claro que não estou querendo desvalorizar o trabalho industrial, longe disso,
sem a indústria os problemas se multiplicariam.
Bom, não estou aqui para discutir as consequências da industrialização e
Revolução Industrial. Estou sim querendo valorizar o trabalho manual da
tricoteira e explicar algumas confusões existentes por aí.
Existe mais alguma diferença entre tricô manual, artesanal e tricô
industrial?
Digam-me se esqueci alguma coisa?
Vamos colocar nossos pontos de vista nos comentários?
Gosto do tricô artesanal por poder escolher o modelo e o tipo de fio, sempre escolho fios macios que é impossível achar em lojas para homens. Outra vantagem é que a peça é única, não existe outra igual, por mais que se tente copiar.
ResponderExcluirOtimo blog.